Gondar (Amarante, Porto)

A antiguidade do centro olárico de Gondar parece remontar ao séc. XVII, tendo tido a sua origem em oleiros provenientes de S. Martinho de Paus, na altura freguesia do concelho de S. Martinho de Mouros.

Em 1903 os oleiros de Gondar distribuíam-se por três lugares: Vila Seca, Corujeiras e Rio, trabalhando na roda baixa e cozendo em soenga, associando por vezes o trabalho na arte com o amanho de um pouco de terra.

Os oleiros misturavam duas qualidades diferentes de barro, em proporção que a experiência definia. O barro era picado na pia com um pico, peneirado para dentro da gamela e misturado com água, formando-se os massucos – quantidade de barro pronto a ser utilizado no trabalho à roda.

As peças são singelamente decoradas com encrespado, cordões horizontais ou verticais, que podem ou não ser digitados, e com motivos feitos com o fanadoiro.

A loiça produzida supria as necessidades de uma população rural com parcos recursos económicos: panelas, púcaros, infusas, caçoilas, alguidares direitos e alguidares tortos, mealheiros, cafeteiras, vinagreiras, fogões, assadeiras de assar as castanhas, tachos, panelos para a preparação do ouro, testos e vasos.

Nos últimos anos vendiam à porta de casa, mas costumavam ir vender para Felgueiras, à festa da Senhora da Aparecida, Vila Meã e Lixa.

Gove (Baião, Porto)

No concelho de Baião eram duas as freguesias onde se produzia louça preta – Gove e Ancede, tendo o mesmo tipo de produção, usando a roda baixa, cozendo em soenga e abastecendo a região circundante. Não se deve falar de uma sem referir a outra, e devem considerar-se as duas como integrando o centro olárico de Baião.

Em Ancede, as oficinas localizavam-se no lugar de Lordelo, sabendo-se que em 1913, aí trabalhavam 80 operários. Depois desta data, os autores deixam de se lhe referir passando a ocupar-se apenas de Gove.

É interessante verificar que alguns dos oleiros de Gove eram simultaneamente paneleiros e pedreiros, sendo que a lavoura e a coexistência das duas artes lhes permitia melhorar um pouco a penúria do dia-a-dia.

O modo de preparar o barro era semelhante ao utilizado nas olarias de Gondar, utilizando-se a roda baixa e cozendo-se em soenga.

As mulheres transportavam a loiça em cestos, acamada com palha, os homens levavam-na às costas, dentro de sacos de linhagem ou presa com cordas.

Vendiam a loiça nas terras em redor, chegando a ir a Valadares e Baião e costumando fazer a feira de Cinfães.

Nos últimos anos o que mais produziam eram panelas, caçoilas e alguidares de forno.

NOTA:

Textos extraídos e adaptados do catálogo: As mais antigas colecções de olaria portuguesa. Norte. Barcelos: Museu de Olaria; Vila Real: Museu de Arqueologia e Numismática de Vila Real, 2012.