Maria Eugénia Gomes, ou Meg, como gosta de ser chamada, é uma pessoa com quem facilmente nos perdemos a conversar. Vive atualmente na Covilhã mas sai com frequência “para ver coisas bonitas e coisas feias, porque quando se veem coisas feias também se cria”…
A sua voz deixa transparecer o entusiasmo de artista, quando diz que as suas peças são compradas pelas mais reconhecidas figuras públicas. E mesmo quando refere a desilusão que sente pelo baixo envolvimento das pessoas no que toca à arte e à cultura, a força da voz mostra-nos que não é mulher para desistir.
Começou nos anos 80, mas considera que está apenas no princípio. No início tratava-se de experiências. Quando se apercebeu que os trabalhos que os miúdos faziam na escola chegavam a casa já partidos, resolveu explorar a pasta de papel como alternativa. Fez testes e mais testes em busca da pasta ideal, a que fosse resistente e fácil de trabalhar. A resistência, testava-a lançando as peças pela janela do sexto andar em que vivia na altura.
Quando concluiu que de facto este material não era afinal o mais indicado para as crianças, já a paixão pelo papel lhe corria nas veias e um novo universo estético tinha sido criado…
Já recusou encomendas de 20 000 peças porque isso implicava o uso de moldes e “isso não faço. Cada peça que faço é minha, é única. É a minha forma de trabalhar”…
Hoje a obra de Meg vai muito para além da pasta de papel. A sua combinação com outros materiais tais como o ferro, a madeira ou o vidro evidencia a ausência de fronteiras, o querer ir sempre mais além… É uma procura constante que sabe bem. A Meg que cria permanentemente as suas personagens únicas, e a nós que vamos desfrutando do seu trabalho, da sua arte…
Em 18 Novembro de 2008, Meg escrevia: “Da minha janela vejo o sol nascer desde 1957. Assim com a minha janela não foi sempre a mesma, o brilho do sol e o “brilho” do mundo também já não são os mesmos, mas enquanto eu acreditar em mim, acredito que as mudanças podem ser para melhor. Em 1980 ligada ao fascínio do papel e para que na vertente da reciclagem “nada se perca, tudo se transforme”, ao longo dos anos fazer a junção de papel com madeira, ferro, barro, cimento ou vidro tem sido gratificante porque o tempo vai transformando os meus “ensaios” e os meus sonhos em arte e a minha arte é a minha esperança para que cresça a consciencialização a nível de gastos fúteis e desperdícios inúteis. Eu preciso da oportunidade de trabalhar para o mundo! Alguém disse que a arte não reproduz o visível, torna visível” e Einstein acrescentou que “o que conta não é o conhecimento é a imaginação”.
Eu concordo! “