Implantada no alto de uma colina, a cidade de Beja domina toda a planície envolvente. Os vestígios encontrados durante escavações feitas no local, apontam para a existência de um povoado original na Idade do Ferro. É no entanto com o domínio romano que Beja ganha reconhecimento. Foi ali que em meados do séc I a.C., Júlio César terá feito as pazes com os Lusitanos, facto que estará na raiz do seu topónimo, Pax Julia. Achados encontrados no centro urbano e as ruínas da villa romana de Pisões, nos arredores da actual cidade de Beja, mostram a importância da cidade e a grandiosidade do modo de vida da época. Mas os testemunhos do passado não ficam por aqui.
Com a invasão muçulmana a cidade acaba por perder relevância quer do ponto de vista administrativo, quer religioso. A própria reconquista, no início do séc. XII, acaba por levar à destruição de grande parte da cidade e das muralhas, facto que levou D. Afonso III a ditar a sua reconstrução e repovoamento. É então que os primeiros Duques de Beja, os Infantes, se fixam na cidade iniciando uma nova fase de desenvolvimento. Fundam o Convento de Nossa Senhora da Conceição e mandam edificar o Palácio dos Infantes de inspiração mudéjar.
Constroem-se numerosos conventos e palácios dando lugar a uma nova Beja, movimento que teve o seu momento áureo com D. Manuel I responsável pela edificação do primeiro Convento-Hospital. D. Luis III que se lhe seguiu teve ainda um papel dinamizador com a construção da Igreja da Misericórdia, após o que se fechou este ciclo de progresso.
Em finais do séc. XIX, a cidade entretanto votada ao esquecimento, acaba por ser alvo de uma nova visão dita vanguardista. Alegando a necessidade de modernizar a cidade, destruíram-se vários edifícios de interesse histórico e religioso.
Actualmente, e apesar das decisões passadas terem acarretado perdas irrecuperáveis, Beja é uma cidade encantadora que apela à descoberta. Ruas calcetadas e casas caiadas com molduras ora cinza ora amarelo, oferecem o cenário ideal para um passeio a pé.
PONTOS A VISITAR
Castelo
Ao longo do tempo foi sendo aumentado e restaurado. D. Afonso III terá sido o primeiro rei responsável pela reconstrução do Castelo cuja Torre de Menagem foi erigida já com D. Dinis. Construída em mármore, a Torre de Menagem é considerada um dos melhores exemplos da arquitectura militar portuguesa.
Arco Romano
Convento Nossa Senhora da Conceição e Museu Regional Rainha D. Leonor
Do edifício original onde viveu soror Mariana Alcoforado das “Cartas Portuguesas”, subsistem ainda a Igreja, o claustro, a sala do capítulo e divisões adjacentes. É uma obra riquíssima do ponto de vista arquitectónico e cultural, onde podemos encontrar magníficos trabalhos de talha dourada e estuque, painéis de azulejos seiscentistas e pintura mural.
A Sala do Capítulo merece uma nota especial. À magnífica pintura da abóbada junta-se o excepcional revestimento azulejar das paredes, combinação que a torna um dos mais relevantes conjuntos artísticos barrocos do Baixo Alentejo.
Pelourinho
O original era datado do séc. XVI e teria sido mandado construir por D. Manuel. O actual seguiu o modelo inicial incluindo os emblemas do rei, esfera armilar e cruz de Cristo em ferro.