Inserida num deslumbrante enquadramento paisagístico, Bragança está situada no extremo do Parque Natural de Montesinho junto de Espanha. Tal situação geográfica, que foi responsável por algum isolamento, facilitou a preservação de hábitos e costumes que foram passando de geração em geração.
Nesta região, ainda hoje podemos encontrar aldeias onde subsistem regimes comunitários. Partilham-se terrenos, rebanhos e infraestruturas para ultrapassar as dificuldades oriundas das agrestes condições geoclimáticas.
A harmonia entre Homem e Paisagem é admirável. Ao longo do tempo, as populações foram-se instalando na região sem atropelo à natureza, integrando-se simplesmente na paisagem e passando até muitas vezes despercebidas. Raras são as vezes em que nos deparamos com cenários desta natureza, em que o respeito e o “genuíno” é tão notório.
As gentes, muitas vezes julgadas rudes, revelam-se excelentes anfitriões quando sentem o respeito dos viajantes. É com naturalidade que abrem as portas de suas casas e partilham a sua mesa e a sua história com quem os visita.
A história da cidade de Bragança, é longa. Denominada como Brigantia e Juliobriga pelos romanos, a sua origem remonta ao Paleolítico. A actual denominação chega já com D. Sancho I, o povoador período em que o burgo assume uma importância relevante no contexto nacional. Integrada no caminho de Santiago, era já um ponto de passagem dos peregrinos que vindos de Sevilha, se dirigiam a Santiago de Compostela pela “Via da Plata”, ou “Via Larga”.
PONTOS A VISITAR:
Vila ou Cidadela: magnífico espaço fortificado em que sobressaem o castelo com a sua Torre de Menagem, o Pelourinho e a “Domus Municipalis”, um monumento único da arquitectura românica.
A Torre de Menagem, do tempo de D. João I, é considerada como uma das mais belas do país. Aquando da visita, atente-se especialmente à cisterna sita no seu interior, aos vãos e especialmente á janela ogival geminada da fachada sul. Indispensável é também subir ao terraço ameado onde a vista alcança Montesinho, a Serra de Nogueira, Coroa, terras leonesas e os cumes de Sanábria.
O Pelourinho foi edificado no largo de S. Tiago onde chegou a existir uma igreja com o mesmo nome. Tem seis metros de altura, é romântico e revela no topo um escudo com um castelo e quinas rematando com uma figura humana. A singularidade deste monumento deve-se à figura em que foi encastrado. Trata-se de um berrão, vulgarmente apelidado de “porca da vila”, associado à pré-história.
A Domus Municipalis é formada por dois espaços. Um deles foi inequivocamente construído para armazenar as águas fluviais e nascentes, já que incorpora uma cisterna. Quanto ao segundo, o salão superior à cisterna, é o que distingue a edificação e a sua utilização levanta algumas dúvidas. Há quem afirme que terá sido usado para reunião dos “homens bons”, mas não há certezas. De qualquer forma, é um monumento distinto a visitar.