Coimbra
Tem mais encantos...

Há quem afirme que esta cidade tem uma mística única. Nós concordamos. Sente-se quando visitamos a Universidade, os jardins e quando vagueamos pelas ruas mais antigas do centro.

A sua é história longa. Com um passado riquíssimo que inclui influências Celtas, Romanas e Muçulmanas, chegou a ser capital do reino quando em 1139, o primeiro rei de Portugal D. Afonso Henriques, deixou Guimarães para ali se instalar.
O facto de ter um rio navegável a seus pés, o Mondego, e a proximidade do porto de mar da Figueira da Foz permitiu depois que a cidade se transformasse num importante entreposto comercial. Foi no entanto a Universidade que acabou por moldar a cidade. Criada pela primeira vez em Coimbra no ano de 1309, só em 1537 já com D. João III, se instalou definitivamente na cidade o que na altura se designou como Estudos Gerais.

O ambiente universitário característico e marcante da cidade gerou um afecto muito próprio junto da população portuguesa. Nos anos sessenta, enquanto palco de revoltas estudantis, Coimbra saiu à rua numa atitude de contestação e  afirmou uma imagem de irreverência.

Os estudantes, na altura uns poucos privilegiados oriundos das mais diversas regiões do país, viviam habitualmente nas chamadas Repúblicas, espaços de partilha que são ainda hoje, um símbolo da comunidade universitária coimbrã. Geridas pelos próprios estudantes, as Repúblicas enquanto facilitavam a integração dos mais novos, promoviam também um modo de vida boémio recordado ainda hoje com saudade pelos que por lá passaram.

Serenatas e baladas sob a janela das amadas, animavam o panorama musical.
É a canção ou fado de Coimbra que desde logo se distingue pelo seu tom erudito e pelas vozes de perfil lírico à qual se juntaram as tradições das várias regiões. A acrescer, o facto de ser exclusivamente cantado por homens com o traje académico e capa negra, hábito que ainda hoje se preserva. A guitarra Portuguesa acrescentou-lhe riqueza e ganhou uma nova dimensão com figuras de proa como Artur Paredes e seu filho, Carlos Paredes. Se o pai foi responsável por “reinventar” a guitarra enquanto instrumento, Carlos Paredes levou a técnica ao seu expoente máximo, criando novas melodias e transformando a guitarra portuguesa num instrumento de concerto.

Além destes, muitos outros nomes deram uma alma única a este cantar de amor e nostalgia, que é o fado coimbrão: Luís Goes, José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e António Portugal, estão entre os mais notáveis.

Mas falemos um pouco mais da cidade, um espaço que merece ser visitado e “vivido” sem pressas. O património arquitectónico fala por si mas deixamos-lhe uma sugestão.

Explore calmamente os tesouros da Universidade; deixe-se perder na biblioteca Joanina, na Capela de São Miguel e nas espectaculares salas dos Capelos, dos Exame Privado e das Almas. Suba à torre e desfrute de uma fabulosa vista sobre a cidade.
Depois, perca-se, vagueie pelo centro e deleite-se com a gastronomia local, sem esquecer os doces conventuais. Aproveite e conheça o Café Santa Cruz, vale a pena.

Reserve ainda algum tempo para dar um passeio pelo rio Mondego no Barco Basófias e ver a cidade de um outro prisma. Na vertente virada para o rio, o casario espalha-se sobre uma colina sobranceira às margens do Mondego cujo protagonismo aumentou com a revitalização levada a cabo nos últimos anos.

Se gosta de jardins, saiba que as zonas verdes têm também um forte protagonismo no quotidiano dos conimbricenses, facto que se revela no grande numero de espaços verdes: desde o clássico Jardim Botânico à Mata do Choupal passando pelo romântico Jardim da Quinta das Lágrimas, as opções são variadas.
E se estiver acompanhado de criança há uma visita obrigatória: Portugal dos Pequenitos, do outro lado do rio. Este é um local mágico onde vai querer voltar atrás no tempo para se tornar bem pequenino e entrar nas casinhas tradicionais que este espaço lhe dá a conhecer.

Para finalizar, uma nota do ponto de vista geográfico. Coimbra além da centralidade vs Lisboa e Porto situa-se entre dois dos mais importantes centros religiosos- Fátima e Santiago de Compostela-, situação que torna esta cidade um ponto privilegiado para o turismo religioso.