O encanto da atual linha de Cascais ou como também era chamada Costa do Estoril, deve-se essencialmente a dois factos que marcaram a sua paisagem e cultura:
- a sua adoção como local de veraneio da monarquia portuguesas, em pleno séc. XIX;
- a sua transformação em destino de refugiados para exilados durante a II guerra Mundial. Por aqui passaram famílias reais, diplomatas e espiões em busca de um porto de abrigo. A neutralidade portuguesa garantia-lhes não só a tranquilidade mas também a manutenção de um nível de vida impossível de prosseguir numa Europa em guerra. Criou-se então um ambiente cosmopolita que havia de proporcionar à região uma imagem de sofisticação e romantismo que perdura até hoje.
Para quem vem de Lisboa pela Marginal, é facilmente percetível. A beleza da costa acentua-se à medida que espetaculares palacetes se juntam a uma magnífica vista de mar. Sente-se uma especial atenção relativamente à estética…
Ao chegar ao Estoril, localidade que antecede Cascais, entra-se num dos mais frequentes palcos de histórias de espionagem. Realidade e ficção misturadas em testemunhos que passaram pelo Casino e pelo Hotel Palácio entre outros. O Casino era o ex-libris da altura e organizava grandes festas.
Muitos dos exilados acabaram por comprar casas no Estoril ou em Cascais e ali viveram durante anos.
O Sud Express passou a ter o Estoril como escala final e Cascais ganhou a sua estação em 1946, quando se finalizava a Estrada Marginal. Foi um verdadeiro boom…
Cascais que reunia já muitos veraneantes na sua maravilhosa baía ganhou um novo glamour e passou a ser apelidada de Riviera portuguesa.
Da vila piscatória ficou a tradição do mar e da pesca. O centro histórico é composto por um encantador traçado de ruas estreitas onde o comércio impera. No Largo de Camões a animação atrai visitantes e locais com uma imensa variedade de restaurantes e bares.
Logo à frente, em direção à praia, tem o Largo 5 de Outubro onde se situa o antigo Palácio dos Condes da Guarda, atual Câmara de Cascais.
O palácio data do séc. XVIII e tem uns magníficos painéis de azulejos. Do lado oposto está a Capitania do Porto atrás da qual se avista o lindíssimo Hotel Albatroz.
Do lado do mar, a Praia dos Pescadores de onde ainda são visíveis os coloridos barcos de pesca. Subindo a Avenida Dom Carlos I rumo à Fortaleza da Cidadela, deparamo-nos com uma sumptuosa vista sobre a Baía.
Simultaneamente e ao longo de todo o trajeto, os edifícios surpreendem-nos pela sua beleza e sumptuosidade.
A Cidadela, que chegou a ser residência real no séc. XIX, inclui hoje a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz e alberga uma magnífica Pousada.
A partir daqui, as opções são várias e todas para visitar: Convento de Nossa Senhora da Piedade – atual Centro Cultural de Cascais-, Museu Condes de Castro Guimarães, Museu do Mar e Casa das Histórias de Paula Rego. E ainda o Jardim Marechal Carmona, o Farol de Santa Marta, a Marina e um sem fim de pontos de interesse…
Na continuidade da costa, defrontamo-nos com cenários idílicos que variam entre falésias íngremes com cavernas como a Boca do Inferno, e extensas dunas com extensos areais como a Praia do Guincho.
Em toda a sua extensão, uma constante: de um lado o mar, do outro a serra que se estende até Sintra. Uma realidade que molda de forma particular a gastronomia e os desportos locais. A primeira baseada essencialmente no peixe e marisco; a segunda, facilitadora da prática de modalidades tão variadas como o golf, hipismo, ténis ou desportos náuticos.
Do Guincho, a viagem prossegue até ao Cabo da Roca, o ponto mais Ocidental da Europa.
E daqui, um novo desafio: Sintra. Do mar para a Serra.