A antiga aldeia de pescadores chamada Palheiros da Tocha deu lugar a uma das mais genuínas praias do litoral centro de Portugal.
Os Palheiros começaram por ser habitações temporárias e arrecadação do material usado na faina diária dos pescadores.
Feitos em madeira, os Palheiros seguiam a construção palafítica, assentando em estacaria para permitir a passagem da areia e a circulação das águas durante as marés vivas. As tábuas eram habitualmente colocadas na horizontal, sobrepostas e pintadas com pinche.
Evidenciando a preocupação com a sua identidade, a Praia da Tocha tem hoje uma marginal onde ainda é possível encontrar os tradicionais Palheiros, mesmo que com algumas adaptações como é o caso do telhado. Além disso, a entrada da aldeia presenteia-nos com um novo e harmonioso bairro em que se manteve a traça da construção original.
Na Praia da Tocha o quotidiano é ditado pelo mar:
-Os veraneantes e amantes dos desportos podem desfrutar de um extenso areal dourado e umas ondas que apelam ao surf e bodyboard;
-Os pescadores continuam a enfrentar a ondulação particularmente agitada desta costa, com a bravura de quem nasceu e cresceu com a faina da Arte Xávega.
A Arte Xávega, um tipo de pesca do arrasto, é artesanal e data do séc. XIX.
Os barcos usados neste tipo de pesca são em madeira e têm o formato adaptado à faina e à força das ondas, que carateriza esta costa.O fundo achatado permite aceder diretamente do areal ao mar, enquanto a proa e a ré especialmente elevadas facilitam o “galgar” as ondas.
Originalmente as redes, tal como os barcos, eram puxadas por bois com a ajuda das pessoas que ali acorriam à hora de chegada dos pescadores. Atualmente os bois foram substituídos por tratores mas as pessoas continuam a juntar-se em redor das redes, tendo-se tornado esta pesca, uma das mais importantes atrações turísticas locais.
No final, resta a abertura do saco de rede e a seleção do peixe para as canastras que seguem para a lota.
Com sorte, a pescaria é farta e traz os tão desejados robalos prateados, que na grelha fazem a delícia dos mais exigentes…
Hoje a época da pesca vai de Abril a Outubro. Nos restantes meses, os pescadores ficam em terra a preparar as redes.
A gastronomia local é rica e diversificada. Por todo o concelho de Cantanhede encontramos pratos deliciosos como a Caldeirada de Peixe, o Robalo Assado no Forno ou grelhado, a Sardinha Assada na Telha, a Batata Assada na Areia com Bacalhau, o Leitão à Bairrada, Cabidela de Leitão, e tantos, tantos outros pratos por onde escolher.
Para petiscar, tem os enchidos, a broa de milho e os tremoços de Cadima.
E por fim os doces: o Bolo de Ançã, a Tigelada, as Papas de Abóbora Menina, as Filhós de Abóbora…